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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mentiroso sem vergonha se passa por piloto da TAM

Certa feita eu estava lá no Aeroclube, o de Santa Catarina (SSKT), também conhecido como Kilo Tango, quando de longe eu avisto um sujeito estranho vindo em nossa direção, tenho faro para essas coisas, sou um cara meio calado, demoro um pouco a me enturmar, aprendi então a observar, eu imagino que é por isso que eu gosto tanto de escrever, mas voltando ao cabra, ele vinha usando muletas, tinha uma cicatriz na testa, nada muito aparente e vinha fumando, fumar na área onde estávamos é proibido, pois estávamos no pátio de estacionamento das aeronaves, mas enfim, estávamos ali conversando, acho que eu estava esperando meu voo, ou já tinha feito, sei lá… a conversa estava boa, entre um pouso e outro falávamos de tudo, mas principalmente de avião, ele estava de canto ouvindo nossa conversa, como diria meu  avô: “ele estava se assuntando”.
Após algum tempo ele deu o ar da graça, ele nos disse que era co-piloto da TAM, mas estava de licença de saúde porque havia quebrado a perna, disse também que tirara sua licença de PC nos Estado Unidos, parece que seu avô tinha pago para ele ir para lá (pelo menos nisso ele foi modesto). Naquele dia eu não entendi o por quê, mas tudo aquilo não me descia, para mim ele tinha cara de mentiroso, jeito de mentiroso e contava histórias como as de um pescador (nada contra pescador e suas histórias até porque eu já pesquei um bacalhau de 20kg na Lagoa dos Patos, pena que ninguém acredita).
Fui embora naquele dia e esqueci o sujeito, é mas esse mundo dá voltas e já nem voo mais no Kilo Tango. Estávamos na sala AIS do Hercílio Luz e então que surge uma conversa sobre um cara, vestido de piloto, que estivera a pouco nesta mesma sala para fazer sua notificação de voo, porém havia saído sem realizá-la com a desculpa de que iria ao piso superior tomar um café, então meu instrutor falou que era fake, mais falsificado que rolex de camelô, que não era piloto coisa nenhuma, que já era conhecido lá no Kilo Tango (esse meu instrutor se formou lá, inclusive dava instrução), que ele ainda estava cursando o  teórico do PP em outra escola. Não dei muita atenção, já que, não havíamos nos cruzado. Porém, quando saímos da sala em direção ao raio-x o Moreira, meu instrutor, deu-me a dica: olhe para sua esquerda ao sair porta à fora e verás de quem falávamos; adivinhem quem era?
Ele mesmo, ao vivo e à cores, e desta vez estava a caráter, sem muletas, quem via ele jurava que era piloto, mas não era. Claro que agente não acerta sempre, às vezes agente muda de opinião depois, mas aquele ali não me enganara, eu não havia acreditado em um palavra se quer dele. Não sei se ele voltou na sala AIS naquele dia, se voltou se deu mal porque os militares que estavam de serviço naquele dia haviam ficado esperando por ele. Vestir-se de piloto, não é crime, mas tentar emitir uma notificação de voo sem ter a devida licença é, era necessário esperar que ele tentasse passar da conta.
E esse caso não é raro não, existem vários outros:
  • em 2009 um casal americano deixou dois filhos órfãos quando morreram em um acidente onde o “piloto” estava com sua licença vencida a mais de 10 anos;
  • outro fato bem conhecido é o do Governador do Rio de Janeiro, onde as investigações do acidente que matou a namorada de seu filho dão conta de que o “piloto” do helicóptero estava com sua licença vencida desde 2005;
  • Outra muito famosa foi a de um holandês que voou linhas aéreas durante 13 anos até que suas fraudes foram descobertas, ele foi preso quando estava prestes a decolar com mais de 100 passageiros à bordo.
  • Mais uma tragédia aconteceu com um mecânico que estava testando a potência máxima de um avião na pista de um pequeno aeroporto, ele não tinha licença, muito menos experiências “com aviões em voo”, acontece que os testes dele eram em movimento e em um desses testes ele perdeu a reta e como estava rápido demais para parar em segurança achou por bem levantar voo, após 10 minutos no ar se adaptando ao avião ele tentou pousar, infelizmente não conseguiu e faleceu;
  • Também tem a de um sueco que voou por mais de uma década, inclusive em voos internacionais sobre a Europa, esse se safou, pagou uma multa de míseros 2000 euros e ganhou o direito de se manter no solo em liberdade;
  • Por fim o mais recente foi o da dupla Bruno e Marrone onde as suspeitas iniciais apontam que o cantor Marrone estava no comando da aeronave pouco antes do acidente, pior do que isso, ele tinha registro na ANAC sem nunca ter feito prova nenhuma na entidade, pelo menos é o dizem os jornais;
  • Ah! Também tem o caso do “Cowboy” que se passou pelo filho do Constantino (o dono da Gol), chegou a voar até para contrabandistas, bom mas esse causo é melhor vocês descobrirem como acaba vendo o filme VIPs.
  • No CENIPA tem alguns relatórios finais de acidentes deste tipo, confira: www.cenipa.aer.mil.br
    É galera se formar piloto não é uma tarefa fácil para a grande maioria, o investimento é muito alto, e se no final das contas ainda tivermos que dividir a cabine com uma pessoa que nunca freqüentou um aeroclube, aí é dose!

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